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domingo, 21 de março de 2010

POESIA IV
(Dia Mundial da Poesia)
Xadrez

No seu grave recanto os jogadores
Regem as lentas peças. O tabuleiro
Os demora até à alba em seu severo
Âmbito em que se odeiam duas cores.



Dentro irradiam mágicos rigores
As formas: torre homérica, ligeiro
Cavalo, sagaz dama, rei postreiro,
Oblíquo bispo e peões agressores.



Depois dos jogadores se terem ido.
Depois do tempo os ter consumido,
Decerto não terá cessado o rito.


No oriente incendiou-se esta guerra
Cujo anfiteatro é hoje toda a terra.
Como o outro, este jogo é infinito.


José Luís Borges

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

64 POEMAS DE POEMAS DE XADREZ

Pedro Pérez Vecina, aficionado pelo xadrez, publica um livro intitulado 64 Poemas de Ajedrez, com apoio do Ayuntamientos de Elda e Petrel, e ainda da Caixa de Crédito de Petrel. O livro de abre com uma introdução de Rafael Carcelén Garcia e um prólogo do historiador de xadrez Joaquín Pérez de Arriaga. Mas melhor do que falar de um livro é apresentá-lo aqui na própria beleza da sua poesia:
Cremos que o veleiro
não existe onde o mar termina
ou o céu começa.
Já as peças fora do tabuleiro
apenas esperam que um rei morra
para começar de novo.
Esta obra poética começou a ser elaborada, poema a poema, em 2005, até que o número de poesias e das casas de um tabuleiro jogassem com o 64º aniversário do seu clube de xadrez (Club de Ajedrez Ruy López de Elda).

domingo, 11 de janeiro de 2009

POESIA III

Ténue rey, sesgo alfil encarnizada
Reyna, Torre directa e peon ladino
Sobre lo negro y blanco del camino
Buscam y libran su batalha armada .

No sabem que la mano señalada
Del jogador gobierna su destino.
No sabem que un rigor adamantino
Sujeta su alberdrio y su jornada.

También el jugador es prisionero
(La sentencia es de Omar) de otro tabuleiro
De negras noches e blancos dias.

¿Dios mueve el jugador u éste, la pieza
Qué dios detrá de Dios la trama empieza
De polvo y tiempo y sueño y agonia?

Jorge Luis Borges

Como os lances no xadrez têm, por vezes, alguma poesia, para quem os executa, é claramente por isso que, de vez em quanto, se publica aqui um poema. Desta vez foi um soneto de argentino Jorge Luís Borges de Acevedo, que não traduzimos por ser de fácil compreensão para qualquer falante do idioma de Camões e, melhor ainda, se souber um pouco do jogo de xadrez. A escolha deste grande nome da Literatura Mundial, Jorge Luis Borges que se notabilizou como poeta, crítico, ensaista, tradutor, deve-se principalmente ao facto de se uma bela poesia, e que, por curiosidade, ter o autor ascendência portuguesa (originária de Moncorvo).

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

POESIA - I

Abri o tempo lançando um peão vestido de prata
para o silêncio da resposta.

Atirei o alazão para a cela branca do infinito
aonde o galope se desdobra.

Saiu um bispo até ao lado esquerdo do mundo,
com a alma cheia de segredos.

Surge a dama tão poderosa como bela,
tão ameaçadora como indefinida.

O mundo estava mais que redondo
quando simultaneamente o rei e a torre mudaram o rumo.

Chegou o tempo de arremessar outro peão,
como solução indeterminada para outros silêncios.

É assim um campo de batalha requintado no abismo
do xadrez invisível e dos prodígios do pensamento.



in "RIOS DO INTERIOR", de José Manuel Teixeira