O
Irão é um país extraordinário com um passado longo e brilhante. Como todas as
grandes nações o seu tempo ficou recheado de guerras por todos os lados, desde há
2800 anos, com a formação do reino por Elan, na Antiguidade. Este Estado que assume uma das civilizações mais antigas e mais
notáveis, prossegue até aos dias atuais com uma República Islâmica do Irão,
ocupando um vasto território rodeado por fronteiras com vários países (Arménia,
Azerbaijão, Paquistão, Rússia Cazaquistão, Afeganistão, Iraque e Turquia) e ainda por grandes mares (o Golfo de Omã, o
Mar Cáspio e o Golfo Pérsico). O Irão tem já 8 locais como Património da
Unesco e ainda pode concorrer para mais outras destas distinções. Este país possui uma Constituição que estabelece às Religiões Islâmicas,
Judaica e Cristã estarem representadas no hemiciclo. O seu território, com
um subsolo riquíssimo e uma população
ultrapassando os 100 milhões, acolhe um mosaico de povos (persas,
azerís, gilakis, curdos e baluches) e a respetiva panóplia de línguas. Tem o
primeiro ciclo obrigatório e possui universidades em todas as cidades e com
nomes sonantes em todos os saberes como o do poeta Sa´Adi ou do sábio Ibn Sina de outros tempos, bem como nossos coetâneos
(o pintor Maleki, o cineasta Asghar Farhadi, o físico Massoud
Ali Mohammadi, a romancista Simi Daneshvar, etc.),
assim como no xadrez (Morteza Zardast). O Irão é a 36ª potência no xadrez.
Este país tem patrocinado grandes eventos no xadrez feminino, e está com o Campeonato Mundial de Mulheres a decorrer em Teerão. Como em todo o belo tecido,
seja ele até o delicado persa, de vez em quando também cai uma nódoa. Aconteceu ontem
isso; um incidente com iraniana WGM Dorsa Derakhshani, uma jovem com palmarés
já invejável que, por jogar sem véu ou hijab, foi
expulsa como representante da seleção do Irão. Nas fotos que
coloquei das participantes, na postagem sobre o Campeonato Mundial de 2017, o hijab dava
um certa graça às lindas xadrezistas, mas não referi e nem quis aludir que havia por trás
uma imposição religiosa para todas as jogadoras do uso este adereço religioso. Também reconheço às jogadoras que estão
no direito de não aceitar, já que não obrigam os homens a competir com chapéu
ou dulband. Sei também que o véu não incomoda, mas quando o panorama no
tabuleiro se torna desfavorável, qualquer ruído, qualquer esferográfica que se
recusa a escrever, até os óculos embaciam, e qualquer véu mesmo sendo bonito perturba tornando-se
desconfortável e naturalmente até irritativo! Aqui fica um registo como comentário redondo
que compreende e aceita a atitude de uma futura campeã mundial; vaticinando para que possa oferecer esse troféu a Espanha, onde
reside! Recordo que Dorsa jogou na Ásia, onde se sentiu bem com o hijab e sem ele no Qatar, assim como no recente Festival de Xadrez de Gibraltar que lhe valeu a expulsão da seleção iraniana! Como complemento, o irmão Borna Derakhshani também já tinha sido expulso da seleção por ter defrontado um xadrezista de Israel.
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